Holocausto Brasileiro

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Não há quem possa negar que o período ditatório foi difícil e até hoje sofremos com ações ocorridas nele, mas ainda bem que diferentemente dos alemães não precisamos nos envergonhar de um holocausto. Mas será mesmo? A memória do Brasileiro é curta, por isso hoje venho resgatar um período que sim, devemos nos envergonhar tanto quanto qualquer outro povo que carrega a chagas de uma ditadura nas costas. 

Vamos falar sobre o Holocausto Brasileiro.
O nome da matéria é com relação ao livro de mesmo nome escrito por Daniela Arbex, formada em jornalismo ela quis demonstrar a todos os brasileiros este capitulo da história do país, dentro do livro há muitos relatos de pessoas que vivenciaram de perto a experiencia do holocausto. O nome do livro-reportagem é bem forte e quase que explicito, a própria autora explica que "dei esse nome primeiro porque foi um extermínio em massa. Depois porque os pacientes também eram enviados em vagões de carga (ao manicômio). Quando eles chegavam, os homens tinham a cabeça raspada, eram despidos e depois uniformizados”.

Ainda que tenha semelhanças com um campo de concentração nazista, o caso aconteceu em um manicômio na cidade de Barbacena, Minas Gerais, onde ocorreu um genocídio de pelo menos 60 mil pessoas entre 1903 e 1980.


O local do massacre foi o Hospital Colônia que quem diria conseguiu uma baita grana com o genocídio, na época era muito comum corpos serem vendidos para universidades, a ciência vivia uma época dourada em descobertas o que fazia a demanda por corpos altíssima, durante seus quase 80 anos de funcionamento, o hospital conseguiu mais de 600 mil reais só com a venda de corpos para universidades, no total mais de 17 faculdades do país viraram clientes de Barbacena.

Colônia era um hospital psiquiátrico, no entanto não havia só loucos dentro de suas instalações, pelo o contrario mais de 70% dos internados eram pessoas que não sofriam de nenhum tipo de doença mental. Era comum trazer para o Colônia todos as pessoas marginalizadas pela a época, homossexuais, militantes políticos, mães solteiras, alcoólatras, mendigos, pessoas sem documentos e todos os tipos de indesejados.

O hospital que foi entregue em 1903 com 200 leitos, chegou a ter 5 mil pacientes em 1961. Uma das maiores causas para o genocídio que veio acontecer logo em seguida. Era tanta gente que chegava a Barbacena, que elas eram trazidas todas abarrotadas em vagões de carga de maneira idêntica aos judeus levados, durante a Segunda Guerra, para os campos de concentração nazista de Auschwitz-Birkenau. Para não perder tempo descarregando um monte de 'doido', o trem diminuía a velocidade perto do hospício, e desengatava os últimos vagões em que haviam pessoas.

A partir de 61, se por acaso você ouvisse que alguém iria ser internado no Colônia, já podia ter certeza sobre a morte desta pessoa. Sem remédios, comida, roupas e infraestrutura, os pacientes agonizavam nos corredores do hospital, muitos deles não vestiam roupas e como eram largados aos cantos, não sentiam vergonha de defecar em qualquer lugar, outros que morriam de fome, viam nos dejetos no chão a unica possibilidade de se alimentar. O estado era degradante em todos os sentidos, o esgoto que funcionava no local já havia se tornado a unica fonte de água.


"Muitas das doenças eram causadas por vermes das fezes que eles comiam. A coisa era muito pior do que parece. Cheguei a ver alimentos sendo jogados em cochos, e os doidos avançando para comer, como animais. Visitei o campo de Auschwitz e não vi diferença. O que acontece lá é a desumanidade, a crueldade planejada. No hospício, tira-se o caráter humano de uma pessoa, e ela deixa de ser gente. Havia um total desinteresse pela sorte. Basta dizer que os eletrochoques eram dados indiscriminadamente. Às vezes, a energia elétrica da cidade não era suficiente para aguentar a carga. Muitos morriam, outros sofriam fraturas graves", revela o psiquiatra e escritor Ronaldo Simões Coelho, 80 anos, que trabalhou na Colônia no início da década de 60 como secretário geral da recém-criada Fundação Estadual de Assistência Psiquiátrica, substituída, em 77, pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).

Como se não pudesse piorar, os pacientes dormiam no "leito único", denominação para o capim seco espalhado sobre o chão de cimento, que substituía as camas. O modelo chegou a ser oficialmente sugerido para outros hospitais "para suprir a falta de espaço nos quartos." Em meio a ratos, insetos e dejetos, até 300 pessoas por pavilhão deitavam sobre a forragem vegetal. "O frio de Barbacena era um agravante, os internos dormiam em cima uns dos outros, e os debaixo morriam. De manhã, tiravam-se os cadáveres", contou o psiquiatra Jairo Toledo.

O massacre começou em meados de 61 e perdurou até os últimos dias da instituição, em 1980. Aonde após um reformulação total o prédio foi dividido em um Hospital Regional, um centro Hospitalar Psiquiátrico e um museu, para guardar a história do local, o Museu da Loucura. 

Após a reformulação completa do espaço é estimado que o centro médico consiga servir toda a população dos pequenos municípios em torno de Barbacena, e olha que não é pouco não. São quase 50 comunidades mineiras com uma população estimada em 700 mil pessoas.


Os poucos sobreviventes do Colônia, hoje recebem ajuda verdadeira financiada pelo o próprio CHPB -Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena- porem a vida deles é estimada em no máximo mais 10 anos. Essa é também uma das razões para a criação do Museu da Loucura, feito para guardar a memória daqueles que sofreram nas mãos do antigo Colônia é atualmente um dos pontos turísticos mais visitados em Barbacena, coisa bem pouca e de fato simbólica para todas as vitimas desse massacre horrível.

E para você que achava que só havia ocorrido um genocídio na Alemanha é bom olhar um pouco para o teu 'próprio quintal'.

Fontes: 1234.

Vão pela sombra, Equipe Eutanásia.  

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