Pois é gente, a série Um amigo, de um amigo meu está chegando ao fim, semana que vem, temos o último capítulo. Eu não sei quantos de vocês acompanham, mas espero que tenham gostado, assim como eu gostei de escrever. Se você perdeu algum capítulo, você pode conferir todos clicando aqui ou no meu blog.
Em breve mais séries pra vocês, comentem e não percam o último capítulo da semana que vem.
Nem parece que hoje é feriado.
Bem, há uma coisa engraçada sobre feriados, a maioria espera ansiosamente, mas
no fim das contas, não vão fazer nada demais neste dia, nada que não fariam em
outro dia ou em qualquer final de semana. É uma ilusão necessária eu acho,
incentivar mais o trabalho, sei lá.
Mas o que eu quero conversar com
vocês hoje não é sobre feriados e sim sobre meus amigos. Gostaria de saber
sobre os amigos de vocês também, mas quem sabe em outra oportunidade. Por
enquanto, vamos falar dela, no caso, delas. Laura e Maria são gêmeas idênticas
e perfeitamente lindas. Ruivas. Sei que ruivas naturais são difíceis de
encontrar, duas então, mais ainda, mas eu tive a felicidade de encontrá-las,
como minhas amigas.
Por serem idênticas, não gostavam
de fazer as mesmas coisas e nem de vestir as mesmas roupas, "coisa de
criança" elas diziam, não tinha problema, enquanto Laura atendia gatos e
cachorros numa veterinária, Maria ficava trancada num escritório finalizando
artes de uma empresa. Pela diferença de gostos, era natural que não tivessem muitos
amigos em comum, o que ajudava muito, pois assim elas poderiam sair para
lugares de diferentes.
Apenas os amigos mais próximos
sabiam que elas eram gêmeas e apenas Maria era religiosa. Não que Laura fosse
ateia, acreditava em alguma coisa, mas não ia em igrejas. Já Maria, ia para as
missas todo domingo, ajudava em ações comunitárias entre outros eventos na
igreja, mas sabia dos "pecados" da mesma e não exercia uma fé cega.
Fazia questão de ver todos os erros, passados e os atuais e participava de
grupos que lutavam contra esses erros sem punições.
Um dia, Maria precisou se mudar
por uns dias para um trabalho da empresa. Na nova cidade, fez questão de
conhecer as matrizes, e fez amizade com um padre de lá. Padre Alfredo, um homem
sempre sério para a maioria dos fiéis, olhos de mel inebriantes para algumas
moças, e um ótimo amigo confidente segundo Maria. Sua seriedade a encantava e
mesmo ele sempre a tratando com o máximo de respeito (e frieza) possível, ela
percebia que ele também gostava de conversar com ela. Não apenas pela beleza da
moça e sua companhia, mas sim porque era a única que tratava-o de igual e não
como alguém superior.
Laura teve que ir para a mesma
cidade pra uma convenção de veterinários, mas como de costume e por ser algo de
fim de semana, não avisou a Maria, pois não tinha a intenção de vê-la.
Não que as duas vivessem
brigando, mas quando estavam comprometidas com o trabalho, deixavam coisas que
não fossem relacionadas de fora. Aprenderam isso com o pai, que quando viajava
a trabalho mal fazia contato com elas, mas quando voltava, fazia questão de
passar o maior tempo possível com suas meninas.
Eu particularmente vejo uma
grande beleza em arte sacra. Sabe, ignorando um pouco todo o significado que
sempre tem por trás e observando só a arte por si, é muito bonita. As formas, a
leveza de algumas pinturas, assim como os traços de dor e sofrimento, é
realmente algo a ser notado. Laura também achava isso. Padre Alfredo também.
Maria não notava tanto.
Uma coisa engraçada sobre meus
amigos, é que eles sempre estão viajando, diferente de mim que viajo uma vez na
vida e outra na morte. O bom de viajar com uma certa frequência é que você
sempre tem assunto, e eles tendo assuntos, compartilham comigo, me fazendo ter
assuntos interessantes também.
Laura voltou para casa. Maria
não. Os dias se passaram e quando Laura ficou de férias percebeu a falta da
irmã. Talvez ainda tivesse trabalhando, achou melhor não atrapalhar, e assim
passaram-se mais uns dias. Quando a empresa ligou perguntando dela, Laura achou
melhor ir ver o que estava acontecendo.
Ela fez contato com alguns
amigos, conversou com amigos dela, ninguém sabia dizer ao certo. Procurou em
hospitais da sua região e da região do trabalho, procurou em igrejas e até
mesmo conventos. Ás vezes Maria tinha uns ataques de humanidade e dizia que ia
cumprir com a missão dela de ajudar os outros sendo uma freira missionária. Não
encontrou. Por fim, Laura resolveu ir a cidade que Maria foi morar novamente.
Ao chegar no local, mesmo usando
roupas de um estilo diferente de Maria, muitas pessoas a cumprimentavam como se
fosse ela. Disfarçou e seguiu ao hotel que ela estava hospedada. Logo o gerente
disse que havia contas atrasadas e que se ela não pagasse ia ter que pedir que deixasse o quarto. Laura explicou que não era Maria, que estava ali pois havia uma
suspeita do desaparecimento da irmã, mas que agora, com o
"depoimento" dele, não havia mais suspeitas.
Foi na delegacia, fez o boletim
de ocorrência, falou do que sabia e contou com a palavra do gerente do hotel.
Algumas pessoas que iam visitar os presos da delegacia quando a viam já
falavam: "Oi Maria, há quanto tempo?". Mais uma vez era preciso
explicar sobre o parentesco e mais certeza se tinha de que a moça não era vista
há um bom tempo.
Quando Laura me ligou, fiquei
surpreso, ela estava assustada e me contava as coisas de uma vez de forma
confusa, mas depois com mais calma ela foi me explicando tudo. Ela ainda ficou
pela cidade, e descobriu paradeiro da irmã. Com medo, o que é natural nestes
casos, saiu imediatamente e hoje vive se mudando pensando no que pode
acontecer.
Eis o que aconteceu:
Em mais uma noite de insônia pela
irmã, Laura foi dar uma caminhada pela cidade. Achou uma igreja aberta e
resolveu entrar para admirar a arte do local e quem sabe conseguir uma notícia
da irmã. Estava tudo quieto e ela ficou um bom tempo distraída observando os
quadros e as estátuas. Foi quando se deu conta que alguém olhava pra ela. Um
homem alto, com uma postura elegante que não conseguia tirar a expressão de
pavor ao vê-la.
Padre Alfredo tremia ao observar
Laura e dizia gaguejando: "Mas vo... Você não está lá dentro?" Laura
percebeu que ele estava a confundindo com Maria e percebeu também que ele sabia
onde ela estava. Antes de poder se explicar, ele a agarrou pelo braço e a
arrastou para a sacristia. Lá, abriu a porta que ficava escondida para os mais
distraídos, como se não fosse mais usada, e a levou para um quartinho oculto.
O grito de horror era natural,
tanto de Laura, como do Padre Alfredo ao notar que haviam duas
"Marias".
O que ele fazia? Primeiro
sufocava as vítimas com um terço. Usava o mesmo para colocar sobre as mãos de
suas vítimas. Depois despia o corpo morto e colocava uma mortalha branca, logo
em seguida, colocava o corpo sobre um caixão de vidro e o deixava conservado
por dias no formol. Não pegava qualquer um para fazer isso, apenas "os
seres mais belos" considerados por ele. Qualquer um que tivesse algum
traço que chamasse a atenção, mesmo sendo diferente ou até mesmo bizarro, era
conservado. O quarto era subterrâneo, e na sala que estavam cinco caixões de
vidro incluindo o de Maria, mas haviam outras portas que deviam levar para
outros quartos com mais caixões.
Laura horrorizada, ainda
conseguiu perguntar o porquê. Ouviu apenas gritos histéricos de alguém perdendo
a pose, falando dos seus medos de infância e seus desejos que não podiam ser
saciados. Da sua vontade de manter o que é belo e único. Com um terço na mão
ele começou a se aproximar de Laura que o empurrou e conseguiu correr e escapar. Antes de
sair pela porta da sacristia, ouviu dizer que por mais que ela fugisse, uma
hora ele a encontraria e ela seria dele.
O que se pode dizer de tudo isso?
Eu sinceramente não sei, talvez confiar menos em pessoas sérias? Ou observar
suas manias estranhas? Ou ainda, tentar se conhecer a ponto de entender todos
os seus anseios e angústias, desejos e medos antes de ficar completamente
maluco?
Essa eu deixo pra vocês, porque
agora, estou encomendando algumas coisas para o jantar que irei fazer semana
que vem e, que vocês estão convidados. (Sou péssimo pra cozinhar, melhor pagar
alguém para fazer isso).
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