Em
1950 o governo americano encomendou uma pesquisa de mercado sobre
armas leves. O resultado da pesquisa foi que o melhor fuzil para
infantaria precisava atender a três características: poder de fogo,
seletor de disparo ajustável e alcance de 300 metros. Com base nesta
pesquisa o tio Sam encomendou um projeto de fuzil de assalto com a
fabricante de armas Armalite. O projeto foi encabeçado pelo
brilhante projetista Eugene Stoner que entregou a versão beta do
fuzil chamado AR-10 que se valia do calibre 7.62 mm. Pouco depois em
um trabalho conjunto com a Remington, o cartucho foi reprojetado para
o calibre 5.56 mm e ganhou uma nova designação: AR-15. Finalmente
no final da década de cinquenta foi nomeado fuzil padrão das forças
armadas dos estados unidos ganhando a nomenclatura M16.
Era
o fuzil que o capitão Bernardo empunhava neste momento. Estavam
dentro do carro com o motor desligado e invisíveis por trás do
vidro fumê. A tocaia já durava horas e o capitão não conseguia
parar de admirar o fuzil que fora submetido a um batismo de fogo de
respeito durante a guerra do Vietnã, sobrevivendo até hoje como um
dos melhores fuzis de assalto no mercado. Aquele em particular viera
para o Brasil através de um traficante de armas ligado ao exercito e
já pertencera a certo chefão do trafico do morro do gavião.
A
noite estava fria e garoava naquele bairro da zona norte paulista.
Era melhor assim, pensou Bernardo. Isso faria com que a rua ficasse
deserta. E isso era imprescindível para o que tencionavam fazer ali.
Bernardo estava prestes a cogitar sair do carro para dar uma
espreguiçada quando avistou a silhueta do Astra prateado dobrando a
esquina. O carro manobrava lentamente como se fosse estacionar.
-
É ele chefe? – perguntou o soldado ao seu lado.
-
Acho que sim. – disse ele. Passou as mãos sobre o vidro embaçado
e apertou os olhos para enxergar melhor o vulto.
O
carro dobrou para a esquerda e parou enquanto o portão automático
abria lentamente. A janela do veiculo estava aberta a despeito da
garoa fina. Dentro do carro o homem de meia idade usava casaco e
chapéu. Ao avistá-lo, Bernardo não teve mais duvidas.
-
Prepare-se Jonas.
-
OK, chefe.
Os
milicianos destravaram seus fuzis e saíram do carro caminhando em
direção ao Astra. Por um segundo o delegado olhou-os com um ar de
incompreensão. No instante seguinte seu cérebro captou dois
sentimentos aos quais não estava habituado. Primeiro sentiu medo. Um
temor profundo de que após anos driblando a morte seria morto como
um boi no abatedouro. A segunda coisa que sentiu foram dezenas de
projeteis de 5.56 mm atravessarem o carro e seu corpo como pregos
martelando isopor. Sua vida esvaiu-se em questão de segundos, mas os
atiradores não cessaram a fuzilaria. A onda mecânica dos ecos
reverberou por mais de quinhentos metros. Bernardo só parou de
atirar quando a ultima bala deixou a câmara da carabina. Os dois
homens não se preocuparam em constatar a morte do homem. Não havia
ninguém capaz de suportar tantos tiros e viver. Entraram no veiculo
preto e saíram cantando os pneus. A ação não havia demorado mais
que 30 segundos. Um trabalho digno dos melhores matadores
profissionais. Não haveria testemunhas, nem provas, nem inquéritos.
O capitão Bernardo garantiria isso.
por JORGE GUERRA
Vão pela sombra, Equipe Eutanásia.
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