Ghla - Figurinos do Escuro Breu

Já imaginou-se numa situação de escuridão total? Sem eletricidade, sem fogo, sem sol nem lua, e nem sequer estrelas?

Diz um pergaminho que quanto mais tempo ficarmos no escuro, mais sombria fica o nosso consciente e a cada segundo a nossa mente começa a projetar imagens cada vez mais aterrorizantes dos nossos maiores medos, dos pesadelos mais profundos e obscuros – talvez a Verdade – e quando digo medo, não são as inseguranças, mas medo verídico, medo de monstros, criaturas estranhas, talvez até de insetos que não goste (odeie, deteste, despreze).

Tenho uma pergunta para você, leitor: O que é que o escuro lhe faz lembrar?

Quando você é o último a ir deitar; Quando você esta só em casa a noite; Quando a eletricidade falha e você fica procurando uma lanterna ou fosforo para acender alguma vela; Quando você anda por uma rua deserta, ou que nunca estivera; E várias vezes quando você se encontra sozinho em qualquer situação e sente-se observado mas não há ninguém, e tens a certeza disso (como em banheiros de restaurantes ou elevadores, talvez a frente do note-book numa noite chuvosa).

Cientistas tentam esconder isso, – o chamo de Ghla – dizendo que é alguma falha do nosso cérebro. Quando sentimos medo os nossos sentidos ficam mais apurados, ainda mais se for no silêncio, e o nosso instinto de defesa fica sempre alerta. Mas porque será que fica alerta? Nunca perguntou, então eu vos digo.

Ghla são criaturas feitas de energia que quando aproximam de seres humanos com medo, ou até mesmo animais, os seu vasos sanguíneos ou contraem (quando ficamos paralisados de medo) ou distendem (quando saímos correndo, como loucos, com adrenalina a flor da pele); Eles, o Ghla, – faço a referência no singular, porque cada um tem o seu Ghla – alimentam-se do nosso medo, o mede do desconhecido, das nossas ambições inseguras, das nossa decisões difíceis; Eles são invisíveis até quando começarmos a acreditar neles – o que acontece involuntariamente quando você diz a si próprio que tais coisas não existem, que monstros não existem; Até que se esgotem as forças e ficas só no escuro.

Primeiramente começa-se a ver sombras quando viramos os olhos rapidamente para algum local (escadas, roupas penduradas, sombra de árvores) e vemos algum vulto ou sombra e dizemos a nós próprios que não é nada. Depois vem os barulhos, começam bem baixinhos e chegam até o extremo, quando sentimos aquela sensação de frio no centro da testa ou no umbigo.

Ghla está em toda parte, e de certeza mesmo atrás de ti – e você acaba de dar um suspiro, certo? – mas não o vê porque não quer, ou ainda não acredita o suficiente. Mas a partir desse exato momento você vai passar a creditar nele e logo a noite você vai começar a sentir o peso da sua presença, quando ele te observar.

Lembre-se, nunca tome banho a noite, porque eles ficam a espera que fecha os olhos quando for passar o sabão ou shampoo para brincar com a sua imaginação…

Moorf

Vão pela sombra, Equipe Eutanásia.